Quando chegar é vencer

Quatro estudantes da UFPE, campus de Caruaru, mostram as dificuldades para chegar até a universidade por conta do transporte precário.

Bruce mora em Garanhuns e estuda no curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Pernambuco/Campus Agreste, em Caruaru. Gasta até cinco horas para chegar à sala de aula – matriculou-se em apenas uma cadeira por conta dos altos custos com transporte (costuma pedir carona para driblar essa questão).

Lucas é de Lagoa dos Gatos e vai todos dias para Cupira, a 11 quilômetros de distância, para só de lá pegar o ônibus disponibilizado pela cidade rumo à UFPE (são mais 41 quilômetros de estrada).

Adelvando vive em Caruaru, mas precisa seguir em dois ônibus por dia para chegar ao campus – não seria muito se os coletivos não demorassem tanto: às vezes gasta quase duas horas no percurso, mesmo tempo entre Recife e Caruaru (seu bairro é afastado e possui apenas uma linha de ônibus).

Já Stephanie vive em Belo Jardim, a uma hora e meia da UFPE/CAA, e tem que pegar três transportes diferentes para chegar ao campus. Gasta R$ 373 ao mês em passagens, entre mototaxi, van e ônibus. É um valor longe da realidade de milhares de estudantes da região agreste.

As dificuldades enfrentadas por estes quatro jovens são compartilhadas por centenas de outras pessoas matriculadas no campus que conta com 4.317 alunos (186 deles com trancamento). Os altos valores cobrados pelas vans particulares (que, muitas vezes, deixam os alunos em locais inadequados), a indisponibilidade das bolsas de auxílio emergencial e a precariedade ou ausência de transportes das prefeituras são fatores que se chocam com a vontade desses estudantes de cursar o ensino superior.


Fotos de Passarinho/ASCOM/UFPE

Nesta reportagem especial de quatro episódios (veiculada hoje e dias 16, 18 e 20 de junho), produzida pela Agência Aveloz, acompanharemos esses relatos que revelam um caminho árduo e repleto de ausências (em especial de políticas públicas). Todas as histórias mostram que uma estrutura de transporte que garanta acessibilidade aos campi é tão importante quanto o ensino público superior interiorizado. Apesar do esforço e persistência dos alunos e alunas, o cansaço, a distância e as dificuldades para pagar serviços privados podem ser fatores de abandono de cursos – e de metas de vida.

Reportagem por Luís Lopes.

REPORTAGEM ESPECIAL

“Se o onde está distante, você corre até ele” – Dia 1

 

Moto, van e ônibus – Dia 2

 

Sem ônibus e sem transparência – Dia 3

 

Tão perto, tão longe – Dia 4

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *